sexta-feira, 31 de maio de 2013

Uma Nova Epidemia - O Vírus MERS



     Uma nova variante do Coronavírus¹ surgiu, e parece ser uma ameaça mortal em pelo menos metade dos casos e talvez até uma ameaça de epidemia mundial. O novo vírus relacionado à SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave) o MERS (Vírus da Síndrome Respiratória do Oriente Médio), causou um total de 27 mortos na Arábia Saudita e região, especialmente no leste do país, informação confirmada pelo Ministério da Saúde da Arábia. Tal fato é de grande preocupação, pois atualmente na China simultaneamente ocorre uma epidemia preocupante de gripe causada pelo H7N9.

    Parte do problema é que o vírus Mers-CoV já atingiu outro continente, ou seja, países da Europa também estão em risco, um homem de 65 anos morreu na França, e as autoridades de saúde advertiram que o vírus Mers-CoV é agora uma ameaça global, com 49 casos confirmados em todo o mundo.

    No início desta semana, a Organização Mundial da Saúde alertou que a doença, identificada pela primeira vez em humanos em Setembro, agora é a sua maior preocupação global, e acredita-se que a transmissão inicial ocorreu de animal para humano, mas ainda não identificaram a fonte animal ou a origem exata.

    Novo Coronavírus visto ao microscópio (Foto: AFP)

    O vírus Mers-CoV está relacionado com a SARS, que matou cerca de 800 pessoas em uma epidemia global em 2003.
A maioria das pessoas infectadas desde que o vírus foi identificado no ano passado, tinha viajado para o Qatar, Arábia Saudita, Jordânia e Paquistão. Houve também casos na Tunísia, Grã-Bretanha e Alemanha, mas a Arábia Saudita ainda representa a maioria dos casos confirmados, de acordo com a OMS. Acredita-se que a doença é transmitida principalmente pelo contato pessoa-a-pessoa, não se alastrando facilmente em comunidades maiores. Autoridades francesas começaram a distribuir folhetos nos aeroportos para os viajantes para aconselhá-los a lavarem as mãos com frequência e limitar o contato com animais no Oriente Médio. A vítima francesa esteve hospitalizada por mais de um mês, passando os últimos 20 dias em uma unidade de cuidados intensivos.

    A ministra da Saúde francesa, Marisol Touraine, disse que não há motivo para preocupação exagerada, porém, a Dra Margaret Chan, chefe da OMS, destacou o risco de perigo mundial em discurso em Genebra em 28 de Maio de 2013.


    1. Coronavírus são um grupo de vírus de genoma de RNA simples de sentido positivo (serve diretamente para a síntese proteica). Têm capsídeo helicoidal e envelope bilipídico. São uma causa comum de constipação/resfriado. Podem ainda causar pneumonia e gastroenterite. Entre os coronavirus encontra-se também o vírus causador da forma de pneumonia atípica conhecida por SARS.



quarta-feira, 29 de maio de 2013

Sonhos ajudam a resolver problemas e até a ver o futuro, diz neurobiólogo

          Na coluna "Equilíbrio e saúde" da página virtual da Folha de São Paulo, li matéria de 28 de Maio de 2013, muito interessante e útil sobre os sonhos, sob o embasamento dos estudos da neurobiologia e pesquisas elaboradas pelo neurobiólogo Sidarta Ribeiro, professor titular que dirige o instituto do cérebro da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) e com reportagem feita por Iara Biderman da Folha (São Paulo), segue na íntegra:

     A civilização atual não sabe mais sonhar, lamenta um dos maiores especialistas brasileiros no assunto, o neurobiólogo Sidarta Ribeiro, 42.
Segundo ele, os sonhos são ensaios que auxiliam a pessoa a enfrentar desafios, assim como eram uma garantia de sobrevivência para nossos ancestrais.
No Instituto do Cérebro da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), dirigido por Ribeiro, essas hipóteses são testadas com equipamentos, à luz das novas descobertas da biologia, da física e da neurofisiologia.
Toda essa ciência dura não o impede de usar áreas mais elásticas do conhecimento. Ele incorpora aos seus estudos conceitos vindos da psicanálise, de relatos de povos primitivos e de pesquisas sobre efeitos da ayahuasca (chá do Daime) e da maconha.
No momento, o pesquisador experimenta uma nova tecnologia para modificar neurônios em cérebros de ratos com o objetivo de induzir ao sono e à concentração da memória. Ele acaba de finalizar um estudo comprovando a precisão de diagnósticos de esquizofrenia e bipolaridade feitos a partir de relatos de sonhos de pacientes.
A reportagem da Folha conversou com Ribeiro no Rio, durante um seminário sobre sono. Leia trechos.
*
Folha - Qual é, no fim, a função do sonho?
Sidarta Ribeiro - Hoje em dia, nenhuma, porque a gente não dá importância para o sonho. Em culturas tradicionais, era central. O público universitário não acredita em sonhos, mas, se a pessoa se dispuser a fazer um "sonhário" [diário de sonhos], vai perceber que eles têm função.
O sonho joga estímulos elétricos em suas memórias e você fica explorando todas as possibilidades, o que pode ou não acontecer. É mesmo uma capacidade de ver o futuro.
O que mais o sonho faz?
O sonho é sobretudo a articulação de memórias regida pelo circuito de recompensa do cérebro. Não é reverberar qualquer memória, mas sim aquelas que têm a ver com procurar o que nos dá prazer e evitar o que é desagradável.
Sonhar serve como um ensaio, uma simulação de expectativas de recompensas e punições que prepara a pessoa para enfrentar a vida.
Um estudo sobre sonhos de mulheres que se separaram dos maridos mostrou um padrão entre eles. Primeiro, elas sonham que está tudo bem no casamento; depois, há uma fase em que sonham que o marido morreu e, por último, acontece a simulação: nos sonhos, elas ou os maridos estão se relacionando com outras pessoas.
A psicanálise ajuda a recuperar essas funções dos sonhos?
Acho a psicanálise muito útil, mas não dá para fazer análise com uma pessoa que não tem introspecção. Que "não sonha". A nossa civilização esqueceu como se sonha. As pessoas precisam reaprender a sonhar.
Como é esse aprendizado?
É dar ao sonho um lugar de importância. Se a pessoa vai para a cama e adormece vendo TV, não está se preparando para a experiência importante, transcendental mesmo, que é sonhar. E, se ela se levanta da cama pulando e vai fazer outra coisa, não tem como se lembrar do que sonhou. A pessoa tem que treinar essa lembrança.
É preciso também perceber como o cinema e a TV tomaram o lugar de nossos sonhos. As pessoas sonham acordadas sonhos que são feitos por outras pessoas, com conteúdos prontos.
Mas esses conteúdos também têm a sua função...
Nada contra, adoro filmes, seriados... O problema é que a gente vive em um mundo de excesso. Os estímulos hoje são muito mais complexos. Aí seu sonho é cheio de filigranas, como uma cama com dossel: não tem utilidade tão real, não vai salvar a sua vida. Só em situações de estresse eles se tornam mais práticos.



O que é um sonho prático?
É quando ataca um problema concreto.
Um estudo que fizemos no Instituto do Cérebro mostrou que candidatos que sonham com o vestibular têm notas 30% mais altas do que os outros. Mais interessante: os que simplesmente sonharam terem passado na prova não foram os melhores, e sim os que tinham sonhos com as matérias estudadas.
Sonho tem que ter utilidade, como tinha para os homens das cavernas: se ele sonhava com um tigre no lugar onde costumava beber água, ficava ligado. Mesmo se só criasse temores subliminares, o sonho aumentava as chances de sobrevivência.
Animais também sonham?
Todos os mamíferos e alguns pássaros têm sono REM, que é a fase em que se sonha de forma vívida. Só que os pássaros têm centenas dessas fases. Devem ser sonhozinhos que duram segundos. Os nossos duram 40 minutos.
E são só quatro por noite?
Eu tenho uma teoria que, apesar de termos quatro episódios de sono REM, temos milhares de sonhos, mas testemunhamos só um por vez.
Quando sonhamos, todas as criaturas da mente estão acordadas. É um zoológico: abre a porta e sai tudinho. O nosso "self" [consciência de si] é só um dos bichos, para onde ele for será o sonho que estaremos vendo. E são camadas e camadas interpenetráveis de coisas rolando. Por isso é tão comum você sonhar que entra em um lugar e, de repente, está em outro.
Como o sr. define consciente e inconsciente?
Inconsciente é a soma de todas as memórias que a gente tem e todas as combinações possíveis. Por isso é tão grande. Consciente é a mínima fração disso que está ativa no momento.
E o que é a consciência?
Ninguém sabe. Não há nem mesmo um acordo sobre o que a palavra quer dizer. A consciência tem a ver com informações que se espalham no cérebro todo.
Então não dá para definir o lugar da consciência no cérebro?
Eu odeio isso, dizer que cada área faz uma coisa: "Meu hipocampo navegou, meu hipotálamo sentiu". Não temos controle. Isso só serve para livro de autoajuda e para vender remédio. Mas as pessoas adoram, parece que você explicou tudo ao mostrar áreas cerebrais coloridas.
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    O laboratório de Sidarta Ribeiro faz pesquisa nas interfaces entre eletrofisiologia, etologia e biologia molecular, atuando principalmente nos seguintes temas: sono, sonho e memória; genes imediatos e plasticidade neuronal; comunicação vocal em aves e primatas; competência simbólica em animais não-humanos.


Disponível em: <http://folha.com/no1285638>

terça-feira, 28 de maio de 2013

Uma pequena seleção de grandes livros

DNA - O segredo da vida
James D. Watson e Andrew Berry
Editora: Companhia das Letras                

     Desde que a estrutura da molécula do DNA foi identificada, há pouco mais de cinqüenta anos, a biologia moderna passou por grandes transformações. O cientista James Watson, ao lado de James Crick, foi um dos responsáveis pela descoberta da dupla hélice, e viveu essas revoluções na condição de protagonista.
     Em DNA: o segredo da vida, ele resume os principais acontecimentos que marcaram a biologia, desde os experimentos pioneiros de Mendel e da busca pela eugenia, até as pesquisas mais recentes sobre o funcionamento da molécula de DNA e a intervenção genética. A interferência no genoma de outros organismos abre as portas para a biotecnologia e para o advento dos transgênicos, mas também para a terapia gênica e a medicina do futuro.
Em linguagem simples e com dezenas de fotos e esquemas ilustrativos, Watson apresenta os principais personagens dessa história, aponta as perspectivas que podemos esperar do estudo do DNA e discute suas implicações éticas.



A História da Humanidade Contada Pelos Vírus
Autor: Stefan Cunha Ujvari
Editora: Contexto                                   


     Malária, sífilis, tuberculose, ebola, gripe, aids, sarampo e outros males que atacam a humanidade revelam muito mais da nossa história do que imaginamos. Os passos do homem ao longo das épocas, pelos continentes, o início da utilização de vestimentas, a convivência com diversos animais, o encontro com outros seres humanos: tudo isso pode ser desvendado agora com o estudo microscópico de vírus, bactérias e parasitas que cruzaram - e cruzam - o nosso caminho. Esses pequenos seres têm sido protagonistas centrais e narradores, não meros coadjuvantes, do processo histórico. Por meio do DNA dos microrganismos, podemos saber quando e como as epidemias atuais se iniciaram e de que forma elas condicionaram a existência humana, dizimando populações, estimulando conflitos, infectando combatentes, promovendo êxodos, propiciando miscigenação, fortalecendo ou enfraquecendo povos. Este livro, escrito por um brilhante médico infectologista brasileiro, em estilo agradável e de fácil leitura, traz a genética definitivamente para a área das ciências do homem.



A Célula - Uma Abordagem Molecular
Autor: Geoffrey M. Cooper e Robert E. Hausman                  

Editora: Artmed

     Oferece ao estudante da área da saúde as informações mais atuais sobre biologia molecular e celular, utilizando um texto acessível e amplamente ilustrado.
Introdução
Uma visão geral das células e da pesquisa celular
A química das células
Fundamentos de biologia molecular
O fluxo da informação genética
A organização dos genomas celulares
Replicação, Manutenção e rearranjos do DNA genômico
Síntese e processamento de RNA
Síntese, processamento e regulação protéicos
Estrutura e função celular
O núcleo
Seleção e transporte de proteínas: o retículo endoplasmático, o complexo de golgi e os lisossomos
Bioenergética e metabolismo: mitocôndrias, cloroplastos e peroxissomos
O citoesqueleto e o movimento celular
A superfície celular
Regulação celular
Sinalização celular
O ciclo celular
Câncer.



A Origem das Espécies
Autor: Charles Darwin
Editora: Larousse Brasil                     


     O livro Sobre a A Origem das Espécies, obra científica seminal do naturalista britânico Charles Darwin, foi publicado na Inglaterra em 24 de novembro de 1859. A teoria de Darwin defendia que organismos vivos evoluem através de um processo que chamou de “seleção natural”. Nela, organismos com variações genéticas que se adaptam ao seu meio ambiente tendem a propagar mais descendentes que organismos da mesma espécie aos quais faltam as variações, influenciando, por conseguinte a estrutura genética em geral das espécies.
     Darwin, que foi influenciado pelo trabalho do naturalista francês Jean-Baptiste de Lamarck e do economista inglês Thomas Malthus, constatou grande parte das evidências em favor de sua teoria durante a longa expedição de pesquisas a bordo do HMS Beagle nos anos 1830, que durou cerca de cinco anos. Visitando lugares diferentes como as Ilhas Galápagos e a Nova Zelândia, Darwin adquiriu um conhecimento muito próximo da flora, fauna e geologia de muitas terras.
     A ideia da evolução orgânica não era nova. Tinha sido aventada antes, entre outros, pelo avô de Darwin, Erasmus Darwin, um insigne cientista inglês e por Lamarck, que no começo do século 19 desenhou o primeiro diagrama evolucionário – uma cadeia que levava de organismo unicelulares ao homem. No entanto, só com Darwin que a ciência apresentou uma explicação prática do fenômeno da evolução. Darwin havia formulado sua teoria da seleção natural em 1844, contudo mostrou-se cauteloso em revelar suas teses ao grande público porque contradizia flagrantemente a versão bíblica da criação. Em 1858, com Darwin ainda permanecendo em silêncio acerca de suas descobertas, o naturalista britânico Alfred Russel Wallace publicou por sua conta um artigo que resumia a essência de sua teoria. Darwin e Wallace pronunciaram uma conferência conjunta diante da Sociedade Linnean de Londres em julho de 1858. Darwin resolveu então preparar sua obra para publicação.
     Trazida à luz em 24 de novembro de 1859, a primeira edição de A Origem das Espécies se esgotou rapidamente. A maioria dos cientistas abraçou de imediato sua teoria, visto que resolvia inúmeros quebra-cabeças da ciência biológica. Contudo, os cristãos ortodoxos condenaram o trabalho como uma heresia. A controvérsia quanto as ideias de Darwin aprofundou-se com a publicação de uma série de livros sobre plantas e animais, em particular “A descendência do Homem e seleção em relação ao sexo” e “A expressão da emoção em homens e animais” nos quais expõe a evidência da evolução do homem a partir dos macacos.
     À época da morte de Darwin em 1882, sua teoria da evolução já era universalmente aceita. Em homenagem ao conjunto de seu trabalho científico, foi enterrado na Abadia de Westminster ao lado de reis, rainhas e outras ilustres figuras da história britânica. Subsequentes desenvolvimentos na genética e na biologia molecular levaram a algumas mudanças no entendimento da teoria evolucionista, porém as idéias de Darwin permanecem até hoje como essenciais no campo da biologia.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Bonitinha e útil: a lagartixa doméstica

 Nome Popular: Lagartixa Doméstica, Taruíra, Briba.    
                                                                                
Cores: marrom acinzentado e variantes.
Tempo de Vida: até 8 anos.
Tamanho: até 17 cm.
Classificação taxonômica:
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Ordem: Squamata
Subordem: Sauria
Família: Gekkonidae
Subfamília: Gekkoninae
Gênero: Hemidactylus
Espécie: H. mabouia

 Existem centenas de espécies de lagartixas, principalmente nas regiões tropicais do mundo. As lagartixas que convivem no mesmo habitat que o homem, especialmente as pertencentes a espécie Hemidactylus mabouia, facilmente verificáveis em nossas casas, são muito úteis como predadoras de pragas domésticas, por isso devemos mantê-las e NUNCA feri-las ou matá-las. São excelentes trepadoras, e podemos vê-las caminhando pelos lugares mais difíceis. Elas possuem grande habilidade para subir facilmente por paredes, e até chegar ao teto, por onde anda de cabeça para baixo. Nunca perde a aderência, porque tem, entre os dedos, fileiras de pequenas lâminas transversais forradas de pêlos microscópicos em forma de ganchos. Esses pêlos se prendem à mínima saliência de qualquer superfície e podem aderir melhor do que ventosas. 
Algumas têm hábitos diurnos; outras, noturnos. A dieta da lagartixa doméstica inclui insetos, aracnídeos e escorpionídeos, sendo muito útil como predadora natural de pragas domésticas como aranhas, baratas, moscas e pernilongos.   

     A lagartixa Hemidactylus mabouia, possui uma estratégia especial de fuga de predadores como os cães e gatos, esta, assim como outros lagartos, quando abordada por um possível predador, ela é capaz de promover o que se chama autotomia caudal, ou seja, ela solta voluntariamente a próprio cauda, deixando-a para trás enquanto foge. A cauda desprendida fica se contorcendo por alguns momentos, ainda em resposta a estímulos nervosos locais, o que acaba distraindo temporariamente o predador. Esse mecanismo ocorre porque alguns músculos da cauda se contraem em pontos específicos, onde os ligamentos entre as vértebras são mais frouxos forçando  uma ruptura de vértebra, vasos sanguíneos e nervos que acaba por desprender o membro, que cai deixando o predador confuso ou distraído. Mas graças à capacidade de regeneração da cauda, algum tempo depois de tê-la perdido, o pequeno réptil desenvolve outra, não do mesmo tamanho que a original, mas suficiente para manter o equilíbrio do animal. Essa nova cauda cresce sem ossos, mas regenera-se sobre uma estrutura cartilaginosa, podendo ser desprendida novamente em caso de outra situação de perigo.

                        





Resfriado e gripe: doenças virais diferentes

     Os vírus são indivíduos formados por material genético e uma cápsula de proteína, e em alguns casos um envelope como envoltório extra, não formando célula, aliás, são muito menores do que uma, e são parasitas delas, principalmente as de animais. Em muitos casos, as doenças virais são de difícil tratamento, assim a humanidade tem sido flagelada por doenças virais desde tempos remotos, e com o aumento da população, intensos movimentos migratórios, tanto de humanos como de animais como aves que o fazem instintivamente; a domesticação de animais, e a grande quantidade de criadouros; o risco de epidemias é sempre considerável, sendo que após a remota domesticação de camelos, carneiros, bois, porcos e aves, e o contato com suas secreções e excrementos, surgiram importantes fatores geradores de risco para a humanidade, e como se não chegasse isso tudo, convivemos com os arbovírus, vírus que são transmitidos por artrópodes como os mosquitos (dengue e febre amarela) que têm se adaptado nas áreas urbanas. O grande problema dos vírus, que têm dimensão muito pequena, é que eles podem sofrer mutações e outros rearranjos genéticos, deixando nossa espécie sempre vulnerável à novas infecções. 


(Coronavirus - resfriado)


     Hoje eu quis discorrer sobre a gripe e o resfriado, muitas vezes confundidos, e também tendo suas causas confundidas com origem bacteriana e fatores físicos. Inclusive, estamos na época da gripe sazonal. A gripe e o resfriado são doenças com muitas semelhanças, porém são distintas. As duas doenças são de origem viral, e são transmitidas por meio de gotículas de saliva ou secreções nasais que inalamos oriundas de pessoas contaminadas com os micro-organismos causadores, sendo que apresentam como sintomas: cansaço, indisposição, dores musculares, corrimento nasal e inflamação das tonsilas em intensidade variáveis. 
O resfriado é geralmente mais brando que a gripe, e é uma infecção das vias respiratórias superiores, acometendo o nariz e a garganta, causando coriza, mal-estar, indisposição e febre pouco intensa ou ausente. 
O resfriado pode durar alguns dias ou semanas. Mais de um tipo de vírus pode ocasionar o resfriado, sendo os tipos mais comuns, os rinovírus e os coronavírus. O vírus destrói o revestimento interno das vias respiratórias, leva a vasodilatação das áreas afetadas causando obstrução nasal junto à coriza, diminuindo olfato e paladar. As reações imunológicas incomodam muito o doente, junto aos espirros e a tosse.
Como não existe antibiótico efetivo contra os vírus, se faz o tratamento dos sintomas, oferecendo condições para a recuperação, tomando muito líquido, fazendo gargarejos, repouso, uso de analgésicos e antitérmicos.
Mas quando se trata de gripe, os sintomas são mais intensos e podem ser até incapacitantes, com sintomas que surgem em até uma semana após a exposição ao vírus, e perduram por aproximadamente cinco dias. A gripe é comum em todas as partes do mundo, e é causada pelo vírus Influenza, que é um vírus de RNA da Família Orthomyxoviridae, altamente contagioso e com grande capacidade de mutação. Existem três tipos de vírus Influenza: A, B e C. Os dois últimos acometem apenas a nossa espécie, sendo o do tipo C o mais brando e menos frequente. Já o Influenza A, é capaz de infectar diversas espécies animais, sendo também o responsável pelas epidemias e pandemias gripais. Este é classificado em subtipos, de acordo com o arranjo das moléculas de sua superfície , as hemaglutininas e as neuraminidases. Na gripe, a febre é mais intensa, assim como as dores pelo corpo, sensação de fraqueza e os incômodos no trato respiratório e tonsilas. Geralmente o corpo consegue gerar imunidade contra a gripe, mas pegamos outros vírus com variabilidade genética e adoecemos novamente, por isso que a vacina é diferente a cada ano.
Nos séculos XX e XXI ocorreram três pandemias: a gripe espanhola, entre 1918 e 1919, causada pelo H1N1; a gripe asiática, de 1957 a 1958, pelo H2N2; e a gripe A (gripe suína), em 2009, sendo o H1N1 responsável por ela. 


(Rhinovirus - resfriado)


     Crianças até 23 meses de idade, idosos, portadores de doenças crônicas, pessoas imunodeprimidas, diabéticos e pneumopatas, geralmente estão mais suscetíveis a este vírus, uma vez que tendem a ter o sistema imunológico mais frágil e, por isso, os riscos de desenvolver complicações são maiores, como a pneumonia causada diretamente pelo vírus influenza (pneumonia viral); pneumonia bacteriana (quando bactérias se aproveitam da fragilidade do organismo e infectam os pulmões); acometimento dos músculos (miosite) ou do sistema nervoso (encefalite ou polirradiculoneurite, por exemplo).



Dicas:
Sempre manter as mãos limpas, lavando com água e sabão, pois as mãos são importantes veículos para patógenos;
Evitar quando possível, aglomerados de pessoas, principalmente se houver pessoas doentes nestes locais;
Quando doente, o ideal é utilizar máscaras, como se faz por exemplo no Japão, mas infelizmente aqui no Brasil esse hábito é incomum. 
Não deixar de vacinar-se anualmente, caso pertença ao grupo de risco (idosos, imunocomprometidos, profissionais da saúde, etc.).





Não se medique sem orientação médica, há muitas doenças com sintomas semelhantes, sempre procure um médico de sua confiança.






Professora Luciana Rebello